A lentidão e o retorno de algo tão simples ter sido tão lento, mostram que as relações entre Paris e Berlim não estão em sua melhor fase
Ao ler sobre o retorno do Nightjet no início desta semana, não quis acreditar. Algo que para mim seria supernatural, a ligação entre capitais europeias, pois não há controles de fronteira entre os países da União Europeia, estava em desuso há 9 anos.
Como um trem não poderia fazer essa travessia naturalmente? Como a logística e a ligação entre esses países foram relegadas por tanto tempo?
Parece piada, mas somente agora um novo, e velho, trem noturno partirá de Berlim para Paris, na segunda-feira. Três vezes por semana, em uma viagem que levará 14 horas. Se seu retorno irá incentivar os europeus a usar meios de viagem mais favoráveis ao clima, ainda não sabemos, mas a nova conexão entre as capitais alemã e francesa vem em um momento estranho. E ao saber disso, fico mais preocupado, afinal, a lentidão e o retorno de algo tão simples ter sido tão lento, mostram que as relações entre Paris e Berlim não estão em sua melhor fase.
Os dois países já se encontram sob tensão há algum tempo, devido a diferenças sobre a política energética e de defesa, além de divergências quanto a reforma das regras fiscais da União Europeia e a guerra em Gaza.
Emmanuel Macron, o presidente francês, e Olaf Scholz, o chanceler alemão, se esforçaram para construir confiança mútua, mas não simplifica a situação o fato de os políticos por trás de seus acordos não concordarem muito.
Isso também não ajuda na preparação para a cúpula da União Europeia, que acontece 14 e 15 de dezembro, quando os líderes devem finalizar a ajuda financeira à Ucrânia e decidir se devem abrir negociações formais de adesão com o país e Viktor Orban, líder húngaro, ameaça impedir discussões nesse sentido.
A incapacidade de unir a Europa sob uma causa comum e a fraqueza de seus líderes acabam por revelar essa ausência de liderança política.
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